Fim do parcelamento sem juros no cartão prejudica comércio e consumidores

Uma nova proposta da Associação Brasileira de Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) apresentada ao Banco Central pode mudar os hábitos de consumo da população e acarretar em efeitos negativos para o comércio e setor de prestação de serviços. A entidade propõe o fim do parcelamento no cartão de crédito sem juros.

Apesar da discussão ainda estar em fase inicial, a proposta preocupa os empresários da região. A compra parcelada sem juros no cartão de crédito corresponde de 50% a 55% das operações realizadas no país. A nova modalidade não colocaria fim no modelo atual, mas o tornaria inviável. Para que o parcelado com juros se torne aceitável, provavelmente, regras do parcelamento sem juros serão alteradas e acrescidas as taxas de intercâmbio dos cartões dos lojistas que vendem parcelado sem juros.

Hoje, o lojista tem a autonomia para ofertar o parcelamento e definir o número de parcelas. O recebimento da primeira parcela é realizado 30 dias depois da venda efetuada. No modelo apresentado pela Abecs, o uso do cartão de crédito seria uma espécie de crediário com juros mais baixos, fixados pela operadora do cartão. A administradora pagaria a compra em até cinco dias após a operação e qualquer estabelecimento seria obrigado a fazer este tipo de venda.

O presidente da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Prestação de Serviços de Ipatinga (Aciapi), Cláudio Zambaldi, destaca que a nova proposta pode acarretar em esfriamento do setor varejista. “Tanto o consumidor quanto o empresário já são obrigados a pagar uma alta carga de juros em diversas operações. Com esta ‘novidade’, o cliente ficaria ainda mais receoso antes de realizar uma compra. No fim todos sairiam perdendo. A princípio, a ação não mostra pontos positivos para a economia brasileira, de um modo geral”, pontua Cláudio.

Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Ipatinga, José Carlos de Alvarenga, o comércio necessita de mais autonomia em suas operações. “A definição dos modos de pagamento deve ser avaliada e definida pelo próprio comerciante, desde que esteja dentro da lei. Porém, esta imposição pode não ser adequada para a realidade de todos os empresários. A CDL e a Aciapi defendem a desburocratização das políticas econômicas, para que nosso país possa alavancar economicamente”, salienta José Carlos.